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Pitaya: Orgasmo sensorial

Por Agni Shakti

A pitaya é uma fruta de contrastes. Olhe para ela: pele flamejante, escamas curvas como uma chama que dança ao vento. Por dentro, um branco cremoso ou um vermelho hipnotizante, pontilhado de pequenas sementes negras. Ela é um espetáculo tropical. Uma fruta que parece saída de uma fantasia exótica.

Mas quando você morde… cadê o sabor?

Muita gente diz que pitaya não tem gosto de nada. É só água. Só textura. Uma promessa visual que se dissolve na boca. Mas isso, para mim, nunca foi um defeito. Pelo contrário. Há algo de profundamente sedutor naquilo que instiga sem revelar tudo de imediato.

A pitaya vem do cacto, e o cacto é pura sobrevivência. Cresce onde quase nada cresce. Resiste. Poupa. Se alimenta do mínimo e entrega o máximo. A fruta herdou essa essência misteriosa: feita de água e desejo.

E não, nem todas são sem gosto — há variedades mais doces, sim. Mas será que o sabor é mesmo o que mais importa?

Eu, por exemplo, como pitaya pelo prazer de comê-la. Pela experiência. Ela me seduz. Tem um erotismo sutil, uma promessa de frescor que desperta os sentidos.

Quando corto ao meio, há um instante de contemplação. A colher desliza devagar, a textura delicada se acomoda na boca. É um flerte, um jogo silencioso entre expectativa e entrega. E talvez seja exatamente isso que me atrai.

Nem tudo precisa ser óbvio, escancarado, exagerado. Há uma beleza nas coisas que provocam sem pressa, que envolvem pelo mistério. E a pitaya, sem precisar dizer uma palavra, sabe bem como fazer isso.

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Fernanda Alves

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